Fiquei encantada com essa pergunta, que foi o tema de um dos bate-papos que a Rede Ubuntu (rede colaborativa de pessoas e organizações voltadas para o desenvolvimento do EUpreendedorismo) realiza periodicamente, chamados “Papo de Propósito”.
Encantada, curiosa e cheia de inquietudes. E claro, assim que pude, vi o vídeo desse bate-papo, que está disponível no Youtube (link no final do texto).
Esse vídeo, muito atual, humano, verdadeiro e que acaba contando uma história muito parecida com a minha, me fez refletir sobre o número cada vez maior de pessoas que se sentem insatisfeitas com algo em sua vida, muitas vezes sem localizar exatamente onde está o problema… ou mesmo sem ao menos reconhecer que há um problema.
O que há de mais constante é “só” uma sensação de incompletude, que a pessoa procura preencher como dá, normalmente com atividades ou atitudes que distraem, amortecendo a sensação e tirando o foco desse incômodo.
Pode ser o trabalho excessivo, o comer compulsivo, excesso de exercícios, maratonas narcotizantes de programas de TV, uma rotina extenuante de atividades ou, pior, o uso e vício em substâncias mais perigosas.
De onde viria isso?
Desde que nascemos, com poucas e honrosas exceções, somos empurrados pele mídia, a educação, a escola etc., para definirmos rapidamente uma profissão, “sermos alguém” na vida.
Interessante que, nesse “ser alguém” já está implícito que o que somos, pelo simples fato de existirmos, não seria suficiente… necessitaríamos rapidamente encontrar adjetivos e fazeres que nos delimitassem.
Claro que esse “Homo Faber”(“conceito do ser humano como ser capaz de fabricar ou criar com ferramentas e inteligência”), que se define pelo fazer e é quem cria a cultura e a civilização, é muito importante.
O problema é quando a busca do adjetivo se sobrepõe ao ser e leva a caminhos do fazer que não nos satisfazem.
Normalmente, nosso caminho em busca desse “ser alguém” passa por procurar uma formação, seja ensino médio, técnico ou universitário (com suas infindáveis continuações) e, consequentemente, obter um trabalho correspondente a esse estudo… e nele, ser um sucesso, reconhecido, ganhar nosso sustento e o de nossa família com tranquilidade, realizar nossos sonhos etc.
Somos levados por uma corrente social, naturalmente formada por família, escola, igreja, amigos, empresas, propagandas etc. que nos cobram escolher uma “boa” profissão, o que significa basicamente uma profissão rentável, de “gente bem”, socialmente aceita e que no mínimo nos garanta empregabilidade.
Nada de errado em buscarmos formação e definirmos nosso “estar no mundo” por meio também dos nossos fazeres. Faz parte da nossa natureza!
O que acontece é que através dos anos os nossos fazeres vão encobrindo nosso ser… vamos no fluxo, estudando, trabalhando, muitas vezes ao mesmo tempo, nos enquadrando no “é assim mesmo”.
Poucos conseguem questionar – normalmente só mesmo na adolescência – sobre esse caminho aparentemente “natural” que nos apresentam.
Poucos refletem sobre quem são, o que gostam efetivamente de fazer, quais são os seus dons, o que lhes preenche a alma, antes de se encaminharem a um estudo e a uma profissão para começarem sua chamada vida produtiva.
“Ser músico!? Isso é coisa de vagabundo… não dá dinheiro… vai viver de quê?”
Por trás dessas afirmações há obviamente a preocupação de quem quer ver a vida do outro resolvida, bem inserido na sociedade e sem grandes percalços financeiros. O que é natural… mas acaba não bastando.
E vamos então no “Deixa a vida me levar, vida leva eu…”, arrastando essa sensação estranha de que tem de haver algo mais.
Esse é o “sem querer” que a maioria das pessoas vive: sem um norte, um porquê, um motivo, uma visão, ou seja, um Propósito.
Muitas vezes é longo o percurso da pessoa em direção a essa simples pergunta: qual é o meu propósito?
Somos seres em constante desenvolvimento, e penso que, ao nos desenvolvermos, pessoal e profissionalmente, chega um momento que essa pergunta se apresenta de uma forma ou de outra, pois é da natureza de cada ser humano buscar sentido nas coisas e na vida.
Todo ser humano possui dentro de si algo que o torna diferente dos demais, que só ele tem. Isso é que faz de cada ser alguém insubstituível e inigualável, que tem um porquê no mundo.
Existem várias formas de encontrar o seu propósito, mas é importante saber que ele está dentro de você, pronto para ser revelado.
Para isso é preciso buscar o autoconhecimento, estar atento ao seu coração, à sua alma e à sua voz interior.
A forma mais rápida e fácil de encontrar o seu propósito é viver o máximo possível em estado de presença, atento ao que você sente, ao que te faz bem, àquilo que te move.
“Buscar a essência é conectar-se com o nosso ser. É descobrir tudo aquilo que chama a nossa real atenção sem os filtros sociais e as influências do mundo exterior. É descobrir o que desperta o interesse da nossa criança interna, aquela que antes dos filtros era sedenta por descobertas, livre de preconceitos e crenças, que limitam a imaginação.” (Filipe Lopes)
Experimente refletir sobre algumas questões e veja o que acontece…
O que te inspira?
O que faz você se sentir bem, energizado?
O que você faz com tanto prazer que nem sente o tempo passar?
O que te faria sair de casa com prazer num final de semana num dia de chuva?
O que apaixona?
O que te entusiasma?
O que te faz vibrar?
Quais eram os seus sonhos na sua infância ou adolescência?
Quais são os seus sonhos hoje?
Por que, a serviço de que ou de quem, você faz o que faz?
De que forma você pode ter tudo que te faz bem no seu trabalho?
O que você quer fazer da sua vida?
Como seria viver a vida fazendo que você mais ama fazer?
Descobrir o seu propósito… ou ao menos começar a olhar para ele, é estar presente e atento a quem você é… Reencontrar-se.
Somente a partir daí você poderá fazer mudanças consistentes e sustentáveis que permitirão que viva uma vida mais plena, sempre de acordo com quem você é, ou seja, mais próxima do seu propósito.
Como fazer isso?
Depois de responder a essas questões, é preciso encontrar meios de investir tempo e energia naquilo que te mobiliza.
Comece refletindo sobre o seu propósito. Eu garanto que, tendo seu propósito claro, o seu “porquê”, os “comos” surgirão rapidamente.
“Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como.” (Friedrich Nietzsche)
Esse é um caminho a ser construído e essa é uma jornada realmente cheia de aventuras e descobertas.
Como é dito no vídeo, não é fácil, sempre haverá percalços… mas traz gratificação e plenitude.
E antes que você veja o vídeo (link logo abaixo), deixo aqui a pergunta:
E você, é sem querer ou é de Propósito?
Para saber mais:
Link para o vídeo do Papo de Propósito : https://www.youtube.com/watch?v=4XBgWilVItw
Rede Ubuntu – www.redeubuntu.com.br/
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