O “Eterno Deus ‘Mu’ dança”: a arte de reinventar-se e permanecer relevante

Escrito por: Sandra Maria de Sousa Pereira | Imagem: Geralt – Pixabay

Em um cenário em que cada vez mais “a única constante é a mudança” (Heráclito de Éfeso – 400-470 a.C.), a habilidade de se adaptar e evoluir torna-se crucial para nos mantermos ativos e entregando nossa contribuição de modo equilibrado e relevante, em um mundo em contínua transformação.

Vivemos tempos em que as fronteiras da tecnologia, sociedade e cultura são redesenhadas continuamente, desafiando-nos a explorar novas dimensões do conhecimento e da criatividade.

Nessa complexidade da constante mutação, a capacidade de adaptação e a flexibilidade cognitiva, abraçando as oportunidades que surgem e reinventando-se, são as chaves para o crescimento e sucesso, na sua definição mais ampla.  

Em meio a essa evolução dinâmica, ser capaz de transferir as nossas competências e conhecimentos adquiridos tem um papel essencial, permitindo que nós ultrapassemos as barreiras e desafios, para atuarmos de modo efetivo e equilibrado em todos os cenários que venham a surgir.  

Com a contínua mudança dos paradigmas, acomodar-se na zona de (des)conforto é o maior inimigo da relevância e do equilíbrio.

Porém, surge a pergunta: “E agora, o que faço com tudo o que aprendi?”

A resposta não é jogar fora, mas sim transformar, com a compreensão de que o conhecimento é um tesouro que pode – e deve – ser constantemente refinado e moldado.

Como um mestre artesão que aprimora sua técnica ao longo dos anos, é essencial dedicar-se a um aprendizado contínuo.

Ressignificação e expansão das possibilidades

Conheci uma pessoa que desenvolveu a habilidade de manicure e que, ao invés de se contentar com a atividade tradicional, percebeu que suas habilidades com ferramentas e brocas poderiam ser a base para algo diferente e com mais possibilidades, como, por exemplo, tornar-se uma protética.

Este é um exemplo simples de transferência de habilidades que nos mostra que é possível usar suas competências como uma plataforma para algo maior.

Assim como de manicure essa pessoa pode ter uma nova profissão de protética, todos nós podemos, se quisermos, aplicar nossas habilidades e expertise em novos contextos.

O segredo está em expandir as possibilidades, como alguém que brinca com as cores de uma paleta infinita. Olhar para suas habilidades e conhecimentos com uma perspectiva de curiosidade e exploração é o que leva à inovação. Quando nos desafiamos a viver novas possibilidades a partir das nossas habilidades já existentes, a criatividade floresce.

A expansão das possibilidades é como uma brincadeira criativa, na qual se explora a essência do aprendizado para construir algo novo e surpreendente.

A reinvenção não é apenas sobre adotar novas abordagens, mas também ressignificar o que já conhecemos.

Cada experiência, cada desafio superado, contribui para a construção de nossa jornada. Ao abraçar essas histórias, tornamo-nos guardiões de nossa própria herança, explorando as bases de valores, propósito e direção que nos definem.

A reinvenção não é meramente um processo externo, mas principalmente interno. Apropriar-se do conhecimento adquirido e ressignificá-lo é um ato de empoderamento. Ao honrar nossa própria história e capacidades, construímos a base necessária para criar um futuro repleto de oportunidades.

O tempo é tanto o presente quanto o futuro: somos os “herdeiros de nós mesmos”, capazes de moldar nosso destino por meio das escolhas que fazemos, sempre centrados em nossa essência e valores.

A jornada da reinvenção é uma continuação de nossa herança e também a criação de uma herança futura.

Enquanto nos adaptamos às mudanças externas, não devemos esquecer de cultivar e fortalecer nossas competências humanas de empatia, inteligência emocional, criatividade, resiliência e flexibilidade cognitiva.

Essas competências, entre várias outras, nos conectam com nossa humanidade e autenticidade e permitem que enfrentemos desafios com esperança, administremos nossas emoções de maneira saudável, exploremos novas ideias e nos recuperemos de adversidades de modo positivo.

A herança que trazemos e aquela que começamos a criar agora se baseiam em nossos valores, propósito e direção quem como alicerces de nossa jornada, orientam nossas escolhas e definem o nosso legado.

O cérebro humano é um organismo adaptativo, capaz de assimilar novas informações e moldar-se de acordo. No entanto, essa capacidade muitas vezes é prejudicada pela nossa tendência de resistir às transformações desconhecidas.

Superar essa resistência requer flexibilidade cognitiva, a vontade de fazer as coisas de maneira diferente e abraçar as oportunidades que a mudança oferece.

Ao aceitar que é possível fazer diferente, usando a capacidade do cérebro de aprender continuamente, construímos a resiliência necessária para enfrentar os desafios que sempre surgem.

O tempo é agora e o futuro também

“Levante-se!
Prepare-se para celebrar O deus ‘Mu’ dança!

O eterno deus Mu dança!“

(Gilberto Gil)

Neste mundo complexo e em constante evolução, somos cada vez mais chamados a ser os cocriadores de nossa própria história.

Cada habilidade dominada, cada lição aprendida, cada possibilidade vislumbrada e criativamente vivenciada, nos prepara para um futuro que é tanto uma extensão do presente quanto uma tela em branco para nossa criatividade.

A reinvenção é um ato de coragem, uma expressão de respeito pelo que fomos, pelo que somos e pelo que podemos nos tornar.

Em última análise, a transferência das competências e do conhecimento para novas atividades é uma jornada de autoconhecimento, autodescoberta, evolução e ressignificação.

Ao enfrentamos as mudanças, permaneceremos relevantes ao trazer nossa singularidade, herança, competências e valores para as novas experiências que se apresentam para nós.

Portanto, encare o desafio com determinação, abrace a mudança com a curiosidade de um explorador e lembre-se de que, em última análise, somos os herdeiros de nós mesmos.

A herança que trazemos é única e a que criamos é uma obra de arte em constante cocriação.

Seja um visionário que abraça o poder da reinvenção, pois o mundo muda, muda, muda, e somente aqueles que sabem dançar com a mudança continuarão a brilhar.

Afinal, #genteehparabrilhar !

Deixe uma resposta